sábado, 13 de julho de 2024

Uma viagem, quase 50 anos depois | Un voyage, près de 50 ans plus tard

 


Foto retirada daqui: https://www.jura-tourism.com/


Uma viagem, quase 50 anos depois

Às vezes a minha casa é apenas o espaço ínfimo
Entre o que sinto e o que não sei.
[...]

in "A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas"


Nasci a 17 de abril de 1973 deslocada daquela que objectivamente posso considerar como a minha verdadeira terra. Os meus pais haviam emigrado para França em 1970, a salto, como tantas outras pessoas que naqueles tempos sombrios partiam clandestinamente seguindo, não o desejo de uma vida melhor (na altura desejos seriam quimeras), mas apenas uma sobrevivência mais digna.
Assim aconteceu o meu nascimento acidental num país estranho ao meu sangue, numa primavera mais fria do que as primaveras do meu país, ainda que igualmente florida e rodeada de montanhas.
Os meus pais regressariam definitivamente a Portugal no Verão de 1975, tinha eu dois anos e alguns meses, e desde então nunca mais voltei a Champagnole.
Enquanto acontecimento acidental, e até breve, a minha ligação com esta terra poderia ter para mim a importância de uma casualidade insignificante, como sucede, por exemplo, com a minha prima mais velha, também nascida naquela vila francesa. Para ela, voltar a Champagnole não representa absolutamente nada.
Mas porque será, então, que em mim existe esta ânsia inquietante de regressar ao chão dos meus primeiros passos, ao céu que os meus olhos viram antes de todos os outros, às flores que foram os primeiros aromas da minha vida?
Procuro, também eu, essa resposta. E é essa procura que aqui quero registar e partilhar, num exercício que será meu, mas que assim ficará memorizado em palavras, para que a minha procura não se perca nem eu me perca nela. E talvez, quem sabe, venhamos juntos a descobrir que afinal as nossas procuras são mais comuns e universais do que pensamos.
No dia 3 de setembro partirei numa jornada solitária (minha escolha) rumo a essa terra que foi a primeira que eu respirei, para tentar entender porque tanto chama por mim o seu nome: Champagnole.
Mas a minha viagem pelo lado de dentro começa agora.


*

Un voyage, près de 50 ans plus tard

Parfois ma maison est juste le petit espace
Entre ce que je ressens et ce que je ne sais pas.

[...]

in "A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas"


Je suis né le 17 avril 1973, loin de ce que je peux objectivement considérer comme ma vraie “terre”. Mes parents avaient émigré en France en 1970, comme tant d'autres personnes parties clandestinement en ces temps sombres, suivant non pas le désir d'une vie meilleure (à l'époque, les désirs étaient des chimères), mais simplement d'une survie plus digne.
C'est ainsi que ma naissance accidentelle a eu lieu dans un pays étranger à mon sang, dans une printemps plus froide que le printemps de mon pays, bien que tout aussi fleurie et entourée de montagnes.
Mes parents sont retournés définitivement au Portugal durant l'été 1975, alors que j'avais deux ans et quelques mois, et je ne suis jamais retourné à Champagnole depuis.
En tant qu'événement accidentel, et même bref, mon lien avec cette terre pourrait avoir pour moi l'importance d'une coïncidence insignifiante, comme c'est le cas, par exemple, pour ma cousine aînée, qui est également née dans ce village français. Pour elle, retourner à Champagnole ne signifie absolument rien.
Mais alors, comment se fait-il qu'il y ait en moi cette inquiétante envie de retrouver le sol de mes premiers pas, le ciel que mes yeux ont vu avant tous les autres, les fleurs qui ont été les premiers arômes de ma vie ?
Moi aussi, je suis à la recherche de cette réponse. Et c'est cette recherche que je veux enregistrer et partager ici, dans un exercice qui sera le mien, mais qui sera mémorisé par des mots, afin que ma recherche ne se perde pas et que je ne m'y perde pas. Et peut-être, qui sait, découvrirons-nous ensemble que nos recherches sont plus communes et universelles que nous ne le pensons.
Le 3 septembre, je partirai en solitaire (c'est mon choix) vers cette terre qui a été la première que j'ai respirée, pour essayer de comprendre pourquoi son nom m'interpelle tant: Champagnole.
Mais mon voyage intérieur commence dès maintenant.


[*Tradução automática, revista. Pode conter incorrecções | Traduction automatique, révisée. Peut contenir des inexactitudes.]


1 comentário:

  1. Tenho a certeza que encontrarás a resposta à tua questão: Por que motivo queres regressar ao lugar onde nasceste? Vou gostar de te acompanhar nesta viagem interior, de preparação e na viagem da descoberta de um espaço que foi teu e vai continuar a ser.
    Um beijo.

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